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Campo Grande (MS) – O Projeto social ABADÁ-Capoeira apresentou-se, em meio a foliões, nesse Carnaval, com o tema “Carnaval Consciente”. A apresentação foi no dia 22, sábado, no período vespertino.
O grupo é formado por pessoas de todas as idades e inclui pessoas com deficiência na prática da arte-capoeira. Uma das participantes do projeto é policial militar, a Cabo PM Michele.
Michele passou a participar do projeto por conta de seu filho e ela nos contou um pouco da sua história. Confira:
Olá meu nome é Michele sou Cabo da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, há 11 anos exerço esta profissão. Aos 29 anos, fui agraciada por Deus com um lindo garoto que recebeu o diagnóstico de Transtorno Espectro Autista. Desde então, me empenho em seu progresso buscando tudo quanto possível para o desenvolvimento global do meu filho, entre terapias e atividades lúdicas e ainda tratamentos medicinais. Foi então que ouvi falar sobre a Capoeira Inclusiva, uma modalidade idealizada pelo Professor Vermelho, capoeirista com especialização em neuropsicopedagogia. Interessei-me e fui buscar informações até chegar o dia em que levei Enzo Emanuel, meu filho, para uma aula experimental e logo de cara ele adorou.
Percebi os resultados que meu garoto obteria com a intervenção que iria desde o desenvolvimento neuropsicomotor, interação com a cultura e todo envolvimento com pessoas com suas diferenças que proporcionaria uma bela socialização para meu filho, além de resolução de problemas advindos da relação com o novo.
Desde então, faço parte deste projeto chamado Capoeira Inclusiva, participando das aulas com meu filho e desenvolvendo ações para o ingresso de novas pessoas e utilizando da Capoeira como veículo de conscientização sobre o respeito entre os seres e a preservação da nossa cultura.
No dia 22 de fevereiro realizamos uma ação “Carnaval Consciente”, onde eu e meu filho participamos representando todas as famílias que têm alguma pessoa com deficiência e destacando a Missão da Polícia Militar que é a de servir e proteger.
A Assessoria de Comunicação da PMMS entrevistou também o professor Josimar Araujo, conhecido por “Professor Vermelho”, no local das apresentações, na Esplanada Ferroviária em Campo Grande.
Josimar é integrante do grupo denominado ABADÁ-Capoeira (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte-Capoeira) e, em Campo Grande, atua como um difusor deste projeto social. Ele contou que a instituição foi fundada na cidade do Rio de Janeiro, há mais de 30 anos, e que está instalada em todos os estados do Brasil e em diversos outros países. Para ele, as atividades desenvolvidas vão ao encontro da cultura e desenvolvimento humano fomentando, ainda, a inclusão de pessoas com deficiência no projeto e no convívio social.
Na ocasião, o grupo formado por crianças, jovens e adultos se apresentou numa roda de capoeira na Avenida Calógeras, em frente à locomotiva e trazia como tema: “Carnaval Consciente”; salientando posturas do indivíduo em relação às questões ambientais, ecológicas, sociais e, especialmente, em relação ao patrimônio histórico-cultural, como é o caso da antiga estação ferroviária.
O professor lembrou ainda da importância desse patrimônio para a história de Campo Grande que permitiu o desenvolvimento da cidade também por meio da imigração de diversas etnias.
Sendo a capoeira algo do povo, relacionada à cultura e a cultura, por sua vez, tem relação com o movimento com a inserção do indivíduo a gente sempre procura estar linkando esse desenvolvimento da capoeira com assuntos transversais seja de ordem ecológica, ambiental, social e nesse momento nós pensamos em trazer a capoeira aqui para a rua, especialmente na ferrovia que é um patrimônio material da nossa cidade. É um dos pontos que denota do progresso, do desenvolvimento onde trouxe várias outras etnias que contribuíram com o desenvolvimento da cidade onde a capoeira sendo patrimônio imaterial também preocupada com a preservação do nosso patrimônio material.
Ainda nesse sentido, ressaltou a importância do respeito entre os indivíduos e o devido zelo com o patrimônio onde manifestou o desejo de que, após as folias, o local das festas pudessem estar livres de depredações e sujeira.
Os foliões vêm dançar, vêm se divertir, junto com os foliões vem o desejo de encontrar com amigos, você traz filhos, traz família e também tem pessoas com deficiência, então é importante a gente pensar em atividades onde um respeite o outro e trate com amor, com relevância e cuide do patrimônio que depois que acabar esse carnaval, no findar, a gente consiga vir aqui na ferrovia e encontrar as coisas limpas sem depredações, sem pichações, como em outros momentos já aconteceu. Então a gente se preocupa muito com essa temática com essa perspectiva em não só desenvolver a capoeira enquanto luta, mas também enquanto luta do cidadão.
O trabalho é voltado tanto para crianças, jovens e adultos de periferia, de escolas públicas e particulares, além de instituições especializadas, sempre com o olhar do desenvolvimento humano e atende mais de 300 pessoas somente em Campo Grande, atualmente. Dessa forma, a capoeira é tida com um meio para o desenvolvimento das pessoas contribuindo para linguagem, dicção, fonética, sinapses, conexões neuronais, resolução de pequenos problemas, etc.
O professor é capoeirista formado em pedagogia e é especialista em neuropsicopedagogia e autor de dois livros: Eu Serei suas Pernas e Você Será meus Olhos e Capoeira Inclusiva: de mãos dadas e sem se olharem “Desenvolvimento e Inclusão da Pessoa com Deficiência”.
A Policial Militar, Cabo PM Michele, pediu apoio da Assessoria de Comunicação da PMMS para divulgar este projeto e convida mais policiais militares a participarem.
O leitor pode saber mais sobre o projeto em sua página oficial: www.abadacapoeira.com.br
Para mais informações entre em contato:
67 9 9264-3070 (Josimar Araujo “Professor Vermelho”) | abadacapoeirainclusiva@gmail.com
Assessoria de Comunicação da PMMS.